domingo, 21 de abril de 2013

Análise sobre o que representaram as políticas iniciadas pelo Presidente Ronald Reagan nos EUA e Margareth Thatcher na Inglaterra, ambos governantes na década de 1980, e explicação das razões da Política Neoliberal e seus reflexos no Brasil*


Os princípios neoliberais tomaram forma e expressão mundial logo após a crise de 1973 com os excessivos aumentos no preço do barril de petróleo. Neste período e nos anos que se seguiram os países desenvolvidos com grande necessidade de petróleo foram os que mais sentiram os efeitos desta crise. Os altos índices de inflação, ocasionados principalmente pelo aumento das taxas de juros pelo governo ameaçavam desencadear um eminente colapso da economia global. Neste cenário de desordem econômica mundial é que surgem os primeiros ícones do modelo neoliberal, governantes que mediante aos devastadores efeitos da crise tomaram como opção adotar os modelos neoliberais: Margareth Thatcher na Inglaterra e Ronald Reagan nos Estados Unidos da América.
Ao longo dos anos o ritmo das empresas e dos mercados teve uma repaginada nos moldes da política do Estado para sua economia. O ritmo de crescimento constante estava ligado à elaboração de meios que poderiam evitar um colapso na economia mundial. Daí surgem os primeiros teóricos da doutrina neoliberal, e para estes, um governo pode manter o equilíbrio dos preços de mercado. Do ponto de vista ideológico, o Neoliberalismo é uma reação contra os ataques do liberalismo da parte dos socialistas. Entre as décadas de 70 e 80 os primeiros governos neoliberais cresceram no setor político internacional.
Sendo os pioneiros no pensamento do Neoliberalismo, os líderes políticos Ronald Reagan nos Estados Unidos e Margaret Thatcher na Inglaterra, fizeram uma revolução na política e nas ideias da economia, uma vez que suas convicções sobre a economia e a política eram parecidos e rumavam ao alcance de bons resultados. O mandato de Reagan nos EUA foi quase toda a década de 1980,  e ações do presidente eram realizadas de forma secreta, mas o seu objetivo era reduzir a influência ideológica e governamental de soviéticos como também a abertura de portas para o capitalismo. Hoje a economia dos Estados Unidos é diferente pelas suas ações e uma das suas principais contribuições para a economia desse país foi a rápida redução da inflação, e em consequência disso, sua política tributária teve a alíquota mais elevada do imposto de renda em 1980.
Além disso, Ronald Reagan esteve à frente na disputa ideológica chamada Guerra Fria, permanecendo por longos anos como governante da maior potência capitalista, Os Estados Unidos. A guerra fria foi a disputa entre dois blocos econômicos onde um era o socialismo soviético e o outro, o capitalismo de Reagan, cujo teor do seu governo foi justamente fazer oposição aos ideais soviéticos. Foram fundamentais os apoios financeiro e militar para a estruturação de tais movimentos espalhados por todos os continentes; entretanto, os EUA sofrem atualmente com ameaças terroristas de alguns grupos que na década de 80 foram apoiados pelas ações da doutrina Reagan (Afeganistão, por exemplo), onde o apoio financeiro usado na época para ampliar o poderio de fogo dos mesmos, é usado contra os EUA.
Assim, a doutrina Reagan fundamentou uma das principais tradições estadunidenses, que consistia em "estabelecer a paz" por meio da força. (ex: Ações militares, tomadas estratégicas de territórios etc.). Margareth Thatcher, por sua vez, foi a primeira mulher a exercer o cargo de primeira ministra na Grã-Bretanha onde ficou por 11 anos no cargo, sua presença foi fundamental para fazer esvair a figura derrotista do país remanescente da segunda guerra mundial, conseguindo reverter essa situação com garra e determinação e, juntamente com Ronald Reagan fundaram uma escola de convicção política conservadora com impacto significativo na política tanto para Grã-Bretanha quanto para os EUA. Ao obter sucesso com as mudanças aplicadas na política econômica e externa da Inglaterra para a direita política, o governo de Margareth Thatcher influenciou tendências internacionais que se expandiram, sobretudo nas décadas de 80 e 90, com o fim da guerra fria e a expansão da democracia, por exemplo. Em virtude de tais ações, Thatcher tornou-se, assim, um dos principais ícones da política mundial de todos os tempos.
Da mesma forma a contribuição de Margaret Thatcher para a economia do Reino Unido foi de grande importância, uma vez que ao assumir a presidência, Thatcher se deparou com uma economia com grandes problemas. Diante dessa alta da inflação, ela adotou uma forma monetarista baseada em altas taxas de juros e assim conseguiu reduzir a inflação. Thatcher apoiou a entrada do reino Unido na União Europeia se beneficiando do comércio livre. As medidas adotadas por ela foram tão profundas que a economia do Reino Unido não teria mais como voltar a ser o que era quando ela se tornou primeira-ministra. Mesmo com as ações importantes que mudaram a economia dos EUA e do Reino Unido para melhor, Reagan e Thatcher receberam inúmeras críticas. Eles foram revolucionários em suas ideias e inspiraram outros a aceitarem suas propostas.
Sendo assim, o Neoliberalismo se caracteriza numa ideologia um pouco menor ou marginal após a II Guerra Mundial, as ideias de Adam Smith, repetida por Milton Friedman, tiveram um aumento significativo da popularidade nos anos 80 e durante esta década, Thatcher e Reagan estavam no poder. Nos Estados Unidos Ronald Reagan colocou em prática uma política de liberalização e desregulamentação, acompanhado por um retorno do petróleo a um preço baixo. A revolução imposta é lançada nos Estados Unidos em 1982, com uma redução de impostos sobre ganhos de capital de longo prazo e os lucros corporativos. As regras contabilísticas são modificadas para facilitar a rotação do capital fixo. Margaret Thatcher tornando-se primeira-ministra em 1979 adotou uma política de privatização e desregulamentação no Reino Unido.
Nos Estados Unidos desde o verão de 1982 a inflação diminuiu, mas a recessão se estende inicialmente, atingindo a indústria do aço, máquinas-ferramentas, produtos químicos, têxteis, do petróleo e da indústria do turismo. O número de desempregados atinge quase 10% no final de 1982, deixando o governo temeroso por um fracasso da política, o que o faz eximir-se de qualquer de seus dogmas, decidindo aumentar os impostos para lidar com o déficit. Pensadores convictos do neoliberalismo, Reagan e Thatcher defenderam a política progressista e a mínima intervenção do Estado na economia para evitar ou superar crises econômicas, com a máxima liberdade de ação para os agentes econômicos, com propostas de desregulamentação da atividade econômica, abertura dos mercados, privatização das empresas estatais e o fim do Estado do bem–estar social. Foi sob a liderança Margaret Thatcher que a onda de privatização dos serviços públicos começou na Inglaterra. Thatcher e Reagan não eram só partidários do neoliberalismo radical, mas também foram profundamente conservadores, defendendo o retorno da família tradicional, em detrimento da defesa dos direitos dos homossexuais.
A liberdade de mercado é essencial no modelo neoliberal, contudo, tal liberdade é ligada a uma pequena intervenção estatal, a fim de controlar as taxas de juros e a quantidade de capital especulativo no mercado, controlando assim os altos índices de inflação que assolavam as grandes economias nas décadas de 70 e 80.  Esse modelo surgiu em um período em que o “mundo ocidental” vivia em uma doutrina anticomunista. Nesta visão, o modelo neoliberal se assemelharia um pouco com os governos socialistas devido a sua pequena influencia na economia, e esse foi um dos pontos negativos que os críticos do novo sistema encontraram para detonar com os governantes que optavam seguir por este caminho neoliberal.
A justaposição da ideologia do movimento neoliberal e conservador é descrita como o "Novo Movimento Direito, o Movimento Certo", cujos efeitos ainda estão sendo sentidos no domínio da educação e ensino superior, e a ideologia neoliberal, temas dominantes de privatização, liberalização, desregulamentação e comercialização, continua atraindo líderes mundiais, e é por isso que não é um exagero descrevê-la como ideologia dominante ou hegemônica. Diante disso, tem-se o Neoliberalismo como um ensinamento econômico que está relacionado principalmente ao mecanismo de preço e as intervenções do governo no mercado, e se apresenta também como uma economia planificada consistindo em obter um planejamento por meio de sua gestão, de modo a ser influente até mesmo no grau de produção do país como o quanto deve ser produzido e o que será produzido.
No Brasil, iniciado com o presidente Collor (a partir do discurso da necessidade de modernização) e, implantado efetivamente, a partir do governo do presidente Fernando Henrique em 1994, o neoliberalismo influenciou diretamente as privatizações, por exemplo, na década de 90 com a ampla difusão de produtos importados no país, viabilizados por meio da diminuição dos impostos de importação, resultando no aumento da oferta dos produtos fazendo com que os preços baixassem ou se estabilizassem, e um breve efeito positivo foi notado, como a contenção temporária da inflação remanescente do fim da década de 80 e início da década de 90. A adoção do modelo neoliberal fez com que o país participasse em onda de privatizações que atingiram as empresas estatais conduzindo o governo a vender estas empresas para um grupo econômico ou setor particular, visando a diminuição da máquina do estado para assim torná-lo mais eficiente na formação da base da economia por empresas privadas e não estatais.
Tais medidas se configuraram em estímulos a investimentos externos no Brasil por meio dos incentivos fiscais e das privatizações das empresas estatais, em sua grande maioria adquiridas posteriormente por empresas multinacionais, por entrarem em decadência por motivo de não terem se adaptado às novas regras impostas no mercado. As privatizações representam um exemplo claro de intervenções embasadas no sistema neoliberal, e até hoje são um marco significativo, positivo ou não, relativamente, para a economia do país. Entretanto a política neoliberal não conseguiu realizar algumas metas para o desenvolvimento e a modernização de algumas nações. A constante necessidade para a modernização fechou portas para o mercado de trabalho, e diante dessas contradições do modelo de desenvolvimento neoliberal ocorreu uma formação de movimentos de oposição por uma abertura maior dos programas de assistência social oferecidos pelo Estado.
Os efeitos do Neoliberalismo no Brasil não foram muito positivos, diferentemente do que aconteceu na Inglaterra onde seus efeitos foram primordiais para salvar a economia. Um dos pontos negativos ressaltados pelos críticos é que as aplicações deste modelo beneficiariam somente os países ricos e desenvolvidos em detrimento dos países mais pobres e em desenvolvimento. Nos países em desenvolvimento, a ideologia política do Neoliberalismo tem causado danos à economia, de modo a perpetuar a exclusão social e a arruinar as forças armadas, ou seja, essa ideologia representa uma força política que visa a conquista do poder para exercê-lo no sentido global, na defesa dos anseios da sociedade emergente, bancos e conglomerados.

REFERÊNCIAS:

AUERBACK, M. O nascimento do neoliberalismo. Economia. Carta Capital, 05.01.2011. Disponível em: http://www.cartacapital.com.br/economia/o-nascimento-do-neoliberalismo/ . Visitado em 20 de abril de 2013.

OLIVEIRA. C.R. Neoliberalismo, Globalização e Crises Econômicas. revistapraedicatio.inf.br/download/artigo10.pdf. Faculdade de Ciências Econômicas de São Luis. Acessado em 20 de abril de 2013.



Equipe:

ADRIANE BRUCE DA ROCHA
ARISTIDE MANANGA DADI
DANIEL BEZERRA LIMA JUNIOR
KELLY REGINA FRANÇA DE SOUZA
PATRICK GONÇALVES GOMES
PAULO ALVES DA SILVA NETO
RAFAEL CAMPELO DA CUNHA
RAMSÉS MELQUIADES NASCIMENTO


UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS
FACULDADE DE ESTUDOS SOCIAIS
Ciências Econômicas  /2° Período / Matutino

* Texto dissertativo elaborado para a disciplina História Econômica Geral II, ministrada pelo Prof. Dr. Sylvio Puga, a fim de aferir nota à 2ª avaliação parcial.

domingo, 4 de novembro de 2012

A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL INGLESA NA VISÃO DOS AUTORES ERIC HOBSBAWM & DAVID LANDES




Sob o Ponto de Vista de Hobsbawm

Sempre houve um debate entre os historiadores sobre a data em que começou a Revolução Industrial, mas o autor Eric J. Hobsbawm defende a data de 1780, para o que ele mesmo chamou da maior evolução histórica do mundo. O termo Revolução Industrial nada mais é do que uma referência à grande mudança tecnológica nos meios de produção da sociedade inglesa, a partir dessa mudança surge uma relação entre o novo termo da época, “capital”, e o novo método de produção que foi adotado. Estas novas formas de produção passaram a agricultura para um segundo plano, fazendo com que a mesma deixasse de ser a base da economia, uma vez que esse espaço deixado pela agricultura fora ocupado pelo trabalho de máquinas que facilitavam a acumulação de capital. A Revolução Industrial acabou por centralizar o processo de produção nas mãos de uma única pessoa, o patrão, que tinha por objetivo principal o lucro.
Neste novo modelo produtivo os trabalhadores tinham por funções o controle de máquinas, trabalho que ficou conhecido como maquinofatura. O aumento das cidades foi primordial para essa mudança, já que com um número maior de possíveis compradores, principalmente de produtos têxteis, que tinham um processo de produção lento, assim como também se faziam necessárias maiores quantidades de alimentos, bebidas, cerâmicas e demais produtos de uso doméstico, acabaram surgindo as primeiras indústrias. Entre as novas indústrias, a que mais se destacou foi a do algodão, uma das principais matérias primas dos ingleses, que era trazida das colônias. A partir dela surgiram novas tecnologias, como a máquina de fiar, o tear movido à água, a fiadeira automática e logo depois a máquina de fiar a motor.
Assim, para Hobsbawm a Revolução Industrial foi mais do que o desenvolvimento tecnológico na produção de algodão, sendo que ela potencializou outras revoluções que viriam posteriormente. No âmbito socioeconômico, a Grã-Bretranha, vivia uma época propensa a isto, pois ela tinha suporte agrícola para sustentar o mercado britânico, suas indústrias e ainda outras cidades. Para ele a Revolução de 1780 foi o início da maior revolução que aconteceria no mundo todo, ao qual hoje é reflexo no que se sucedeu naquele tempo.
Com o crescimento da indústria algodoeira a Inglaterra conseguiu acumular o capital necessário para a sua revolução. Outros fatores também tiveram seu grau de importância para a Revolução Industrial, como os investimentos que acabaram por aumentar a demanda por ferro, e principalmente o investimento estrangeiro na Inglaterra.
O autor salienta o papel importante da mão de obra no processo de industrialização, e como essas mudanças afetaram a vida dessas pessoas que tiveram que mudar suas rotinas, mudando o seu modo de trabalho braçal, o que provocou um deslocamento da população rural para as cidades. Essa aglomeração de pessoas nas cidades, ou seja, em torno das fábricas, significava para os industriais mão de obra barata. Gerando um círculo vicioso de desigualdades.
Diante dessa situação a Grã-Bretanha conseguiu prosperar no mercado, uma vez que sua agricultura tinha porte para demandar bastante produto de modo que a indústria alavancasse e pudesse dar um estirão na classe das produções e vendas. Os proprietários por sua vez, já acostumados com a compra do produto barato e a sua revenda cara, já tinham em mente a superprodução de obra-prima para as indústrias.


Segundo o pensamento de Landes

Landes fez uma análise sobre a Revolução Industrial no livro “Prometeu desacorrentado: transformação tecnológica e desenvolvimento industrial na Europa Ocidental; de 1750 até os dias de hoje” (2ª ed.; Rio de Janeiro: Campus, 628 p.), após ter complementado as ideias de Adam Smith em “A riqueza e pobreza das nações (Campus, 1998)”, focou-se mais no desenvolvimento da Europa e Ásia, deixando de mencionar o da América Latina.
No livro “Prometeu desacorrentado”, Landes chama de titã o sistema fabril, que surgiu na Inglaterra, e embora a revolução industrial tenha dado início na Europa, o processo industrial se expandiu aos outros continentes do mundo, resultando na globalização. Para Landes, a globalização não é uma causa, é nada mais que o interesse dos homens por acúmulo de riquezas, e o sistema industrial se configurou na mais poderosa máquina de produção de riquezas da história ao relacionar os avanços tecnológicos à ganância e habilidades das pessoas para negócios mercantilistas, mas essa revolução industrial não conseguiu reverter o problema do subdesenvolvimento nos outros países. Landes acredita que a vontade e o desejo de mudar devem vir do próprio país, caso contrário os empréstimos e orientações de técnicas não valerão nada.
Landes mostra como foram favoráveis, quando unidas, as condições tecnológicas e as institucionais para o Ocidente, tornando-se um exemplo para os países do Oriente. Várias nações copiaram as técnicas europeias para alcançar prosperidade. O foco desse livro gira em torno do desenvolvimento da tecnologia que fez parte da industrialização da Europa. Em seis capítulos, Landes faz uma análise qualitativa sobre o processo das técnicas industriais em cada etapa, ele trata da razão pela qual a revolução industrial ocorreu na Europa, especificamente na Inglaterra, além de abordar e comparar o padrão de desenvolvimento de uma nação para outra.
Assim, Landes faz um estudo desde a revolução industrial na Inglaterra, período de guerra até a reconstrução posterior dos países atingidos, destacando as indústrias de maior importância no sentido tecnológico: têxteis, química, metalurgia e maquinaria. Isso resultou numa paisagem incrível das origens da hegemonia ocidental, pelo seu poder de transformar as forças da natureza, propagando o império fabril do capitalismo industrial pelo mundo.
O autor acredita que uma série de fatores na era pré-industrial foi determinante para que a revolução industrial ocorresse na Inglaterra, como por exemplo: reservas de lã para matéria-prima, crescimento demográfico acentuado, investimento em estradas e pontes, aristocracia interessada em investir na produção, o ambiente sociocultural favorável às atividades comerciais, e o grande afluxo de capital destinado à mecanização da produção, esses componentes reunidos estimularam o rápido desenvolvimento tecnológico na Europa Ocidental, mas especificamente na Inglaterra. O domínio naval da Inglaterra também lhe dava controle dos mares, facilitando em larga escala a troca de mercadorias pelas vias marítimas.
Atrelada a essa situação Landes acredita que os costumes de um povo também valem tanto para a economia como valem os bens materiais, pois se o desejo de mudança deve vir de dentro do próprio país, é importante analisar o papel que a cultura de uma nação tem sobre seu desenvolvimento econômico. Entende-se por cultura o conjunto dos padrões de comportamento, valores das instituições transmitidos coletivamente, próprios de uma sociedade, no entanto, considerá-la como determinante do crescimento econômico de uma nação seria simplista demais, uma vez que outros fatos importantes colaboram para seu progresso, isto é, não se pode ignorar o processo histórico de um país, processo este que faz parte do desenvolvimento de qualquer civilização. Dessa maneira, somente a cultura de uma sociedade não seria capaz de determinar a história no caminho da acumulação de capital.
A vontade de uma sociedade nem sempre determina seu desenvolvimento econômico. A desigualdade de classes contribuiu para que, em certos países, a vontade de enriquecer fosse imposta à maior parte da população. Observa-se que houve uma grande oportunidade da classe dominante juntamente com situações interna e externa propícias ao crescimento econômico, sendo um de seus principais agentes a religião. Landes diz que as religiões protestantes veem a pobreza como dádiva e virtude, que em quase todo o percurso da história cristã a pobreza é digna de honra, haja vista que os pobres herdarão o Reino dos Céus, enquanto os ricos serão lançados no fogo ardente, pelo fato da riqueza tê-los corrompido. Todavia há aspectos na religião cristã que se contrapõem a esta ideia.
Landes menciona que as nações que seguiram os valores religiosos e culturais da Europa Ocidental conseguiram prosperar, essa visão poderia ser considerada etnocêntrica, ora, é inconcebível analisar a situação de países subdesenvolvidos, deixando de lado suas condições históricas, e desmerecendo sua formação cultural. Tais países foram submetidos à violência, em todos os sentidos, fato que impossibilitou seu progresso econômico no seio de suas próprias culturas.
No caso do Brasil, a situação é a mesma quando se analisa as causas pelas quais o país ainda está em desenvolvimento, considerando seu processo histórico de colonização, sua administração política e a sua conjuntura atual. Tem-se, assim, que a cultura de uma civilização é sua herança, seu bem mais precioso, que deve ser mantida às suas próximas gerações. Não se deve, portanto, considerar os valores culturais de uma nação como chave de sua evolução econômica, pois se assim for feito, corre-se o risco de haver uma supervalorização de certas culturas em detrimento de outras, reforçando ainda mais o etnocentrismo e o preconceito, cenário que já parece ser bem conhecido.
Quanto à “nova economia” nos dias atuais, Landes ressalta que esta poderá trazer várias oportunidades a todos, porém também grandes riscos, principalmente a países que se encontram em processo de desenvolvimento, considerando que a atual situação econômica desses países pode não estar preparada para essa renovação, resultando em tropeços no decorrer da administração das demandas exigidas dessa economia. Landes acredita que um dos principais fatores para esse entrave no desenvolvimento econômico dos países em ascensão é a corrupção, pois quanto mais pobre é o país, maior será seu índice de corrupção, e isso gera uma perversão no mercado porque várias pessoas começam a depender economicamente dessa perversão e com isso integram essa prática à economia desse país, dificultando, assim, o seu combate.
Todavia a “’nova economia” poderá mudar vários aspectos socioeconômicos atuais quando considerada a distribuição de riqueza e o processo histórico, sendo que será necessária uma sociedade pronta para recebê-la, tendo em seu bojo novos parâmetros que visem alterar o fluxo de capital de giro no mercado e o comportamento econômico das empresas do país, essa situação fará com que o país em questão analise seus setores onde vai aplicar mais recursos de investimento para acompanhar essa mudança, de modo que não se iluda com a globalização do mercado que essa “nova economia” vem trazendo.
 Em contrapartida, o setor da indústria, que é um forte mercado no Brasil vem perdendo espaço para o setor de serviços em um mundo cada vez mais globalizado, porém tem-se como vantajosa a troca de tecnologia e de conhecimento técnico que faz parte das práticas comerciais dos países desenvolvidos através de empresas transnacionais e multinacionais, adequando essas novas experiências à realidade brasileira cautelosamente, pois essa troca de conhecimentos e tecnologia forçará cada vez mais a interação entre os países e nações com realidades econômicas distintas, o que pode criar certa tensão entre a razão econômica e o comprometimento com a aliança entre esses países.




REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS



HOBSBAWN, E. Da Revolução Industrial Inglesa ao Imperialismo, Forense Universitária, Rio de Janeiro. 1969.

LANDES, D. Prometeu Desacorrentado — Transformação tecnológica e desenvolvimento industrial na Europa Ocidental, desde 1750 até nossa época. Rio de Janeiro: Campus/Elsevier, 2005.
 



Universidade Federal do Amazonas / UFAM
Faculdade de Estudos Sociais / FES
Ciências Econômicas / 1° período

Equipe:
Adriane Bruce
Agda Carioca
Kelly Regina França
Luciano Camargo
Patrick Gomes
Thiago Lima