domingo, 4 de novembro de 2012

A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL INGLESA NA VISÃO DOS AUTORES ERIC HOBSBAWM & DAVID LANDES




Sob o Ponto de Vista de Hobsbawm

Sempre houve um debate entre os historiadores sobre a data em que começou a Revolução Industrial, mas o autor Eric J. Hobsbawm defende a data de 1780, para o que ele mesmo chamou da maior evolução histórica do mundo. O termo Revolução Industrial nada mais é do que uma referência à grande mudança tecnológica nos meios de produção da sociedade inglesa, a partir dessa mudança surge uma relação entre o novo termo da época, “capital”, e o novo método de produção que foi adotado. Estas novas formas de produção passaram a agricultura para um segundo plano, fazendo com que a mesma deixasse de ser a base da economia, uma vez que esse espaço deixado pela agricultura fora ocupado pelo trabalho de máquinas que facilitavam a acumulação de capital. A Revolução Industrial acabou por centralizar o processo de produção nas mãos de uma única pessoa, o patrão, que tinha por objetivo principal o lucro.
Neste novo modelo produtivo os trabalhadores tinham por funções o controle de máquinas, trabalho que ficou conhecido como maquinofatura. O aumento das cidades foi primordial para essa mudança, já que com um número maior de possíveis compradores, principalmente de produtos têxteis, que tinham um processo de produção lento, assim como também se faziam necessárias maiores quantidades de alimentos, bebidas, cerâmicas e demais produtos de uso doméstico, acabaram surgindo as primeiras indústrias. Entre as novas indústrias, a que mais se destacou foi a do algodão, uma das principais matérias primas dos ingleses, que era trazida das colônias. A partir dela surgiram novas tecnologias, como a máquina de fiar, o tear movido à água, a fiadeira automática e logo depois a máquina de fiar a motor.
Assim, para Hobsbawm a Revolução Industrial foi mais do que o desenvolvimento tecnológico na produção de algodão, sendo que ela potencializou outras revoluções que viriam posteriormente. No âmbito socioeconômico, a Grã-Bretranha, vivia uma época propensa a isto, pois ela tinha suporte agrícola para sustentar o mercado britânico, suas indústrias e ainda outras cidades. Para ele a Revolução de 1780 foi o início da maior revolução que aconteceria no mundo todo, ao qual hoje é reflexo no que se sucedeu naquele tempo.
Com o crescimento da indústria algodoeira a Inglaterra conseguiu acumular o capital necessário para a sua revolução. Outros fatores também tiveram seu grau de importância para a Revolução Industrial, como os investimentos que acabaram por aumentar a demanda por ferro, e principalmente o investimento estrangeiro na Inglaterra.
O autor salienta o papel importante da mão de obra no processo de industrialização, e como essas mudanças afetaram a vida dessas pessoas que tiveram que mudar suas rotinas, mudando o seu modo de trabalho braçal, o que provocou um deslocamento da população rural para as cidades. Essa aglomeração de pessoas nas cidades, ou seja, em torno das fábricas, significava para os industriais mão de obra barata. Gerando um círculo vicioso de desigualdades.
Diante dessa situação a Grã-Bretanha conseguiu prosperar no mercado, uma vez que sua agricultura tinha porte para demandar bastante produto de modo que a indústria alavancasse e pudesse dar um estirão na classe das produções e vendas. Os proprietários por sua vez, já acostumados com a compra do produto barato e a sua revenda cara, já tinham em mente a superprodução de obra-prima para as indústrias.


Segundo o pensamento de Landes

Landes fez uma análise sobre a Revolução Industrial no livro “Prometeu desacorrentado: transformação tecnológica e desenvolvimento industrial na Europa Ocidental; de 1750 até os dias de hoje” (2ª ed.; Rio de Janeiro: Campus, 628 p.), após ter complementado as ideias de Adam Smith em “A riqueza e pobreza das nações (Campus, 1998)”, focou-se mais no desenvolvimento da Europa e Ásia, deixando de mencionar o da América Latina.
No livro “Prometeu desacorrentado”, Landes chama de titã o sistema fabril, que surgiu na Inglaterra, e embora a revolução industrial tenha dado início na Europa, o processo industrial se expandiu aos outros continentes do mundo, resultando na globalização. Para Landes, a globalização não é uma causa, é nada mais que o interesse dos homens por acúmulo de riquezas, e o sistema industrial se configurou na mais poderosa máquina de produção de riquezas da história ao relacionar os avanços tecnológicos à ganância e habilidades das pessoas para negócios mercantilistas, mas essa revolução industrial não conseguiu reverter o problema do subdesenvolvimento nos outros países. Landes acredita que a vontade e o desejo de mudar devem vir do próprio país, caso contrário os empréstimos e orientações de técnicas não valerão nada.
Landes mostra como foram favoráveis, quando unidas, as condições tecnológicas e as institucionais para o Ocidente, tornando-se um exemplo para os países do Oriente. Várias nações copiaram as técnicas europeias para alcançar prosperidade. O foco desse livro gira em torno do desenvolvimento da tecnologia que fez parte da industrialização da Europa. Em seis capítulos, Landes faz uma análise qualitativa sobre o processo das técnicas industriais em cada etapa, ele trata da razão pela qual a revolução industrial ocorreu na Europa, especificamente na Inglaterra, além de abordar e comparar o padrão de desenvolvimento de uma nação para outra.
Assim, Landes faz um estudo desde a revolução industrial na Inglaterra, período de guerra até a reconstrução posterior dos países atingidos, destacando as indústrias de maior importância no sentido tecnológico: têxteis, química, metalurgia e maquinaria. Isso resultou numa paisagem incrível das origens da hegemonia ocidental, pelo seu poder de transformar as forças da natureza, propagando o império fabril do capitalismo industrial pelo mundo.
O autor acredita que uma série de fatores na era pré-industrial foi determinante para que a revolução industrial ocorresse na Inglaterra, como por exemplo: reservas de lã para matéria-prima, crescimento demográfico acentuado, investimento em estradas e pontes, aristocracia interessada em investir na produção, o ambiente sociocultural favorável às atividades comerciais, e o grande afluxo de capital destinado à mecanização da produção, esses componentes reunidos estimularam o rápido desenvolvimento tecnológico na Europa Ocidental, mas especificamente na Inglaterra. O domínio naval da Inglaterra também lhe dava controle dos mares, facilitando em larga escala a troca de mercadorias pelas vias marítimas.
Atrelada a essa situação Landes acredita que os costumes de um povo também valem tanto para a economia como valem os bens materiais, pois se o desejo de mudança deve vir de dentro do próprio país, é importante analisar o papel que a cultura de uma nação tem sobre seu desenvolvimento econômico. Entende-se por cultura o conjunto dos padrões de comportamento, valores das instituições transmitidos coletivamente, próprios de uma sociedade, no entanto, considerá-la como determinante do crescimento econômico de uma nação seria simplista demais, uma vez que outros fatos importantes colaboram para seu progresso, isto é, não se pode ignorar o processo histórico de um país, processo este que faz parte do desenvolvimento de qualquer civilização. Dessa maneira, somente a cultura de uma sociedade não seria capaz de determinar a história no caminho da acumulação de capital.
A vontade de uma sociedade nem sempre determina seu desenvolvimento econômico. A desigualdade de classes contribuiu para que, em certos países, a vontade de enriquecer fosse imposta à maior parte da população. Observa-se que houve uma grande oportunidade da classe dominante juntamente com situações interna e externa propícias ao crescimento econômico, sendo um de seus principais agentes a religião. Landes diz que as religiões protestantes veem a pobreza como dádiva e virtude, que em quase todo o percurso da história cristã a pobreza é digna de honra, haja vista que os pobres herdarão o Reino dos Céus, enquanto os ricos serão lançados no fogo ardente, pelo fato da riqueza tê-los corrompido. Todavia há aspectos na religião cristã que se contrapõem a esta ideia.
Landes menciona que as nações que seguiram os valores religiosos e culturais da Europa Ocidental conseguiram prosperar, essa visão poderia ser considerada etnocêntrica, ora, é inconcebível analisar a situação de países subdesenvolvidos, deixando de lado suas condições históricas, e desmerecendo sua formação cultural. Tais países foram submetidos à violência, em todos os sentidos, fato que impossibilitou seu progresso econômico no seio de suas próprias culturas.
No caso do Brasil, a situação é a mesma quando se analisa as causas pelas quais o país ainda está em desenvolvimento, considerando seu processo histórico de colonização, sua administração política e a sua conjuntura atual. Tem-se, assim, que a cultura de uma civilização é sua herança, seu bem mais precioso, que deve ser mantida às suas próximas gerações. Não se deve, portanto, considerar os valores culturais de uma nação como chave de sua evolução econômica, pois se assim for feito, corre-se o risco de haver uma supervalorização de certas culturas em detrimento de outras, reforçando ainda mais o etnocentrismo e o preconceito, cenário que já parece ser bem conhecido.
Quanto à “nova economia” nos dias atuais, Landes ressalta que esta poderá trazer várias oportunidades a todos, porém também grandes riscos, principalmente a países que se encontram em processo de desenvolvimento, considerando que a atual situação econômica desses países pode não estar preparada para essa renovação, resultando em tropeços no decorrer da administração das demandas exigidas dessa economia. Landes acredita que um dos principais fatores para esse entrave no desenvolvimento econômico dos países em ascensão é a corrupção, pois quanto mais pobre é o país, maior será seu índice de corrupção, e isso gera uma perversão no mercado porque várias pessoas começam a depender economicamente dessa perversão e com isso integram essa prática à economia desse país, dificultando, assim, o seu combate.
Todavia a “’nova economia” poderá mudar vários aspectos socioeconômicos atuais quando considerada a distribuição de riqueza e o processo histórico, sendo que será necessária uma sociedade pronta para recebê-la, tendo em seu bojo novos parâmetros que visem alterar o fluxo de capital de giro no mercado e o comportamento econômico das empresas do país, essa situação fará com que o país em questão analise seus setores onde vai aplicar mais recursos de investimento para acompanhar essa mudança, de modo que não se iluda com a globalização do mercado que essa “nova economia” vem trazendo.
 Em contrapartida, o setor da indústria, que é um forte mercado no Brasil vem perdendo espaço para o setor de serviços em um mundo cada vez mais globalizado, porém tem-se como vantajosa a troca de tecnologia e de conhecimento técnico que faz parte das práticas comerciais dos países desenvolvidos através de empresas transnacionais e multinacionais, adequando essas novas experiências à realidade brasileira cautelosamente, pois essa troca de conhecimentos e tecnologia forçará cada vez mais a interação entre os países e nações com realidades econômicas distintas, o que pode criar certa tensão entre a razão econômica e o comprometimento com a aliança entre esses países.




REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS



HOBSBAWN, E. Da Revolução Industrial Inglesa ao Imperialismo, Forense Universitária, Rio de Janeiro. 1969.

LANDES, D. Prometeu Desacorrentado — Transformação tecnológica e desenvolvimento industrial na Europa Ocidental, desde 1750 até nossa época. Rio de Janeiro: Campus/Elsevier, 2005.
 



Universidade Federal do Amazonas / UFAM
Faculdade de Estudos Sociais / FES
Ciências Econômicas / 1° período

Equipe:
Adriane Bruce
Agda Carioca
Kelly Regina França
Luciano Camargo
Patrick Gomes
Thiago Lima

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Uma visão sobre a greve nas instituições de ensino superior



     Professores das universidades e institutos federais, em conjunto, decidiram reivindicar seus direitos constitucionais a nível nacional através do movimento grevista, paralisando suas atividades docentes no dia 17 de Maio deste ano.  Essa paralização serviu para que o corpo docente viesse a exigir o reajuste de seus salários conforme a inflação dos últimos anos e exigir melhoramentos na estrutura física das instituições onde trabalham junto ao governo federal, que por sua vez não abria a mesa para negociações e não aceitava as exigências dos grevistas.
      Durante certo tempo, já não acontecia greve nas universidades e institutos federais do país, a greve desse ano de 2012 que iniciou em maio e terminou em setembro foi um tanto surpresa, porque muitos pensavam que não ocorreria a greve ou que ela não durasse tanto tempo, que por sua vez acarretou com essa greve foi o atrasado dos conteúdos a serem ministrados durante o período normal do calendário acadêmico, pois ela durou mais tempo do que o esperado pelos estudantes, assim, tendo que ter um novo calendário para os períodos dos cursos, e todo esse acontecimento foi de certa forma, mais surpresa para aqueles que ingressaram na universidade neste ano de 2012. Mas se de um lado do quadro acontecia isso, do outro, os professores ganhavam apoio dos servidores das universidades e dos alunos das instituições que se uniram ao movimento e aderiram à greve que ganhou destaque nacional na mídia pela importância que tem o direito de se manifestarem optando pela melhoria de algo que esteja ao nível do seu papel de professor de institutos federais.
       Tal greve, ao todo durou cerca de 120 dias, onde a primeiro modo, parte desse movimento aceitou uma das ultimas propostas oferecidas pelo governo federal onde ajusta os seus salários em cerca de no máximo 45% para professores com dedicação exclusiva a universidade e/ou instituto federal, ou seja, o professor só terá esse aumento máximo se o professor der aulas apenas para as instituições federais, porém outra parte do movimento grevista não aceitou a proposta, pois acreditam que tal proposta não abrange todas as necessidades dos professores e não acompanha a taxa de inflação dos últimos dois anos e assim optando pela permanência da greve na maioria das universidades. Com a greve dos professores, o Brasil entrou em um “colapso” grevista, pois vários outros órgãos federais também entraram em greve, como por exemplo, a Polícia Federal, a Receita Federal, Policiais Rodoviários Federais, dentre outros.
       O governo federal, por sua vez, viu-se acuado pela força que as greves tinham tomado e pelo forte impacto econômico que tais greves estavam causando decidiu negociar o sessar das greves. Várias propostas foram sendo feitas de ambos os lados, porém dificilmente chegava-se a um consenso, pois ambas as partes achavam as propostas fora da realidade orçamentária disponível para as negociações e o prazo para o fechamento das negociações ficava cada vez mais curto, pois o governo federal precisava fechar o orçamento do ano de 2013 e só poderia fechar quando se chegasse a um consenso entre as partes, o que foi ocorrendo ao longo de uma semana movimentada de negociações entre governo e grevistas. Mas a greve dos professores só teve término porque parte dos grevistas aceitaram a proposta do governo, que por sua vez deu a negociação com a classe por encerrado, contrariando a maioria dos professores grevistas que ainda queriam permanecer com as negociações, porém com a insatisfação dessa parte dos professores, não podemos assegurar o fim real da greve, pois a greve deste ano só foi suspensa devido ao fechamento do orçamento previsto para 2013, sendo que em 2013 podemos ter mais manifestações desse tipo devido a várias questões levantadas pelos docentes não terem sido aceitas pelo governo, mas essa parte poderemos afirmar somente no decorrer do próximo ano.



Grupo: Adriane Bruce
             Agda Botelho
             Kelly França
             Luciano Lima
             Patrick Gomes