Sob
o Ponto de Vista de Hobsbawm
Sempre houve um debate entre
os historiadores sobre a data em que começou a Revolução Industrial, mas o
autor Eric J. Hobsbawm defende a data de 1780, para o que ele mesmo chamou da
maior evolução histórica do mundo. O termo Revolução Industrial nada mais é do
que uma referência à grande mudança tecnológica nos meios de produção da
sociedade inglesa, a partir dessa mudança surge uma relação entre o novo termo
da época, “capital”, e o novo método de produção que foi adotado. Estas novas
formas de produção passaram a agricultura para um segundo plano, fazendo com
que a mesma deixasse de ser a base da economia, uma vez que esse espaço deixado
pela agricultura fora ocupado pelo trabalho de máquinas que facilitavam a
acumulação de capital. A Revolução Industrial acabou por centralizar o processo
de produção nas mãos de uma única pessoa, o patrão, que tinha por objetivo
principal o lucro.
Neste novo modelo produtivo
os trabalhadores tinham por funções o controle de máquinas, trabalho que ficou
conhecido como maquinofatura. O aumento das cidades foi primordial para essa
mudança, já que com um número maior de possíveis compradores, principalmente de
produtos têxteis, que tinham um processo de produção lento, assim como também
se faziam necessárias maiores quantidades de alimentos, bebidas, cerâmicas e
demais produtos de uso doméstico, acabaram surgindo as primeiras indústrias.
Entre as novas indústrias, a que mais se destacou foi a do algodão, uma das
principais matérias primas dos ingleses, que era trazida das colônias. A partir
dela surgiram novas tecnologias, como a máquina de fiar, o tear movido à água,
a fiadeira automática e logo depois a máquina de fiar a motor.
Assim, para Hobsbawm a Revolução
Industrial foi mais do que o desenvolvimento tecnológico na produção de algodão,
sendo que ela potencializou outras revoluções que viriam posteriormente. No
âmbito socioeconômico, a Grã-Bretranha, vivia uma época propensa a isto, pois
ela tinha suporte agrícola para sustentar o mercado britânico, suas indústrias
e ainda outras cidades. Para ele a Revolução de 1780 foi o início da maior
revolução que aconteceria no mundo todo, ao qual hoje é reflexo no que se
sucedeu naquele tempo.
Com o crescimento da
indústria algodoeira a Inglaterra conseguiu acumular o capital necessário para
a sua revolução. Outros fatores também tiveram seu grau de importância para a
Revolução Industrial, como os investimentos que acabaram por aumentar a demanda
por ferro, e principalmente o investimento estrangeiro na Inglaterra.
O autor salienta o papel
importante da mão de obra no processo de industrialização, e como essas
mudanças afetaram a vida dessas pessoas que tiveram que mudar suas rotinas,
mudando o seu modo de trabalho braçal, o que provocou um deslocamento da
população rural para as cidades. Essa aglomeração de pessoas nas cidades, ou
seja, em torno das fábricas, significava para os industriais mão de obra
barata. Gerando um círculo vicioso de desigualdades.
Diante dessa situação a Grã-Bretanha conseguiu
prosperar no mercado, uma vez que sua agricultura tinha porte para demandar
bastante produto de modo que a indústria alavancasse e pudesse dar um estirão
na classe das produções e vendas. Os proprietários por sua vez, já acostumados
com a compra do produto barato e a sua revenda cara, já tinham em mente a
superprodução de obra-prima para as indústrias.
Segundo
o pensamento de Landes
Landes fez uma análise
sobre a Revolução Industrial no livro “Prometeu desacorrentado: transformação
tecnológica e desenvolvimento industrial na Europa Ocidental; de 1750 até os
dias de hoje” (2ª ed.; Rio de Janeiro: Campus, 628 p.), após ter complementado
as ideias de Adam Smith em “A riqueza e pobreza das nações (Campus, 1998)”,
focou-se mais no desenvolvimento da Europa e Ásia, deixando de mencionar o da
América Latina.
No livro “Prometeu desacorrentado”,
Landes chama de titã o sistema fabril, que surgiu na Inglaterra, e embora a
revolução industrial tenha dado início na Europa, o processo industrial se
expandiu aos outros continentes do mundo, resultando na globalização. Para
Landes, a globalização não é uma causa, é nada mais que o interesse dos homens
por acúmulo de riquezas, e o sistema industrial se configurou na mais poderosa
máquina de produção de riquezas da história ao relacionar os avanços
tecnológicos à ganância e habilidades das pessoas para negócios mercantilistas,
mas essa revolução industrial não conseguiu reverter o problema do
subdesenvolvimento nos outros países. Landes acredita que a vontade e o desejo
de mudar devem vir do próprio país, caso contrário os empréstimos e orientações
de técnicas não valerão nada.
Landes mostra como
foram favoráveis, quando unidas, as condições tecnológicas e as institucionais
para o Ocidente, tornando-se um exemplo para os países do Oriente. Várias
nações copiaram as técnicas europeias para alcançar prosperidade. O foco desse
livro gira em torno do desenvolvimento da tecnologia que fez parte da
industrialização da Europa. Em seis capítulos, Landes faz uma análise
qualitativa sobre o processo das técnicas industriais em cada etapa, ele trata
da razão pela qual a revolução industrial ocorreu na Europa, especificamente na
Inglaterra, além de abordar e comparar o padrão de desenvolvimento de uma nação
para outra.
Assim, Landes faz um
estudo desde a revolução industrial na Inglaterra, período de guerra até a
reconstrução posterior dos países atingidos, destacando as indústrias de maior
importância no sentido tecnológico: têxteis, química, metalurgia e maquinaria.
Isso resultou numa paisagem incrível das origens da hegemonia ocidental, pelo
seu poder de transformar as forças da natureza, propagando o império fabril do
capitalismo industrial pelo mundo.
O autor acredita que
uma série de fatores na era pré-industrial foi determinante
para que a revolução industrial ocorresse na Inglaterra, como por
exemplo: reservas de lã para matéria-prima, crescimento
demográfico acentuado, investimento em estradas e pontes, aristocracia
interessada em investir na produção, o ambiente
sociocultural favorável às atividades comerciais, e o grande afluxo de capital
destinado à mecanização da produção, esses componentes reunidos estimularam o
rápido desenvolvimento tecnológico na Europa Ocidental, mas especificamente na
Inglaterra. O domínio naval da Inglaterra também lhe dava controle dos mares,
facilitando em larga escala a troca de mercadorias pelas vias marítimas.
Atrelada a essa
situação Landes acredita que os costumes de um povo também valem tanto para a
economia como valem os bens materiais, pois se o desejo de mudança deve vir de
dentro do próprio país, é importante analisar o papel que a cultura de uma
nação tem sobre seu desenvolvimento econômico. Entende-se por cultura o
conjunto dos padrões de comportamento, valores das instituições transmitidos
coletivamente, próprios de uma sociedade, no entanto, considerá-la como
determinante do crescimento econômico de uma nação seria simplista demais, uma
vez que outros fatos importantes colaboram para seu progresso, isto é, não se
pode ignorar o processo histórico de um país, processo este que faz parte do desenvolvimento
de qualquer civilização. Dessa maneira, somente a cultura de uma sociedade não
seria capaz de determinar a história no caminho da acumulação de capital.
A vontade de uma
sociedade nem sempre determina seu desenvolvimento econômico. A desigualdade de
classes contribuiu para que, em certos países, a vontade de enriquecer fosse
imposta à maior parte da população. Observa-se que houve uma grande
oportunidade da classe dominante juntamente com situações interna e externa
propícias ao crescimento econômico, sendo um de seus principais agentes a
religião. Landes diz que as religiões protestantes veem a pobreza como dádiva e
virtude, que em quase todo o percurso da história cristã a pobreza é digna de
honra, haja vista que os pobres herdarão o Reino dos Céus, enquanto os ricos
serão lançados no fogo ardente, pelo fato da riqueza tê-los corrompido. Todavia
há aspectos na religião cristã que se contrapõem a esta ideia.
Landes menciona que as
nações que seguiram os valores religiosos e culturais da Europa Ocidental
conseguiram prosperar, essa visão poderia ser considerada etnocêntrica, ora, é
inconcebível analisar a situação de países subdesenvolvidos, deixando de lado
suas condições históricas, e desmerecendo sua formação cultural. Tais países
foram submetidos à violência, em todos os sentidos, fato que impossibilitou seu
progresso econômico no seio de suas próprias culturas.
No caso do Brasil, a
situação é a mesma quando se analisa as causas pelas quais o país ainda está em
desenvolvimento, considerando seu processo histórico de colonização, sua
administração política e a sua conjuntura atual. Tem-se, assim, que a cultura
de uma civilização é sua herança, seu bem mais precioso, que deve ser mantida
às suas próximas gerações. Não se deve, portanto, considerar os valores
culturais de uma nação como chave de sua evolução econômica, pois se assim for
feito, corre-se o risco de haver uma supervalorização de certas culturas em
detrimento de outras, reforçando ainda mais o etnocentrismo e o preconceito,
cenário que já parece ser bem conhecido.
Quanto à “nova economia”
nos dias atuais, Landes ressalta que esta poderá trazer várias oportunidades a
todos, porém também grandes riscos, principalmente a países que se encontram em
processo de desenvolvimento, considerando que a atual situação econômica desses
países pode não estar preparada para essa renovação, resultando em tropeços no
decorrer da administração das demandas exigidas dessa economia. Landes acredita
que um dos principais fatores para esse entrave no desenvolvimento econômico
dos países em ascensão é a corrupção, pois quanto mais pobre é o país, maior
será seu índice de corrupção, e isso gera uma perversão no mercado porque
várias pessoas começam a depender economicamente
dessa perversão e com isso integram essa prática à economia desse país,
dificultando, assim, o seu combate.
Todavia a “’nova
economia” poderá mudar vários aspectos socioeconômicos
atuais quando considerada a distribuição de riqueza e o processo histórico, sendo
que será necessária uma sociedade pronta para
recebê-la,
tendo em seu bojo novos parâmetros que visem alterar o fluxo de
capital de giro no mercado e o comportamento econômico das
empresas do país, essa situação fará com que o país em questão
analise
seus setores onde vai aplicar mais recursos de
investimento para acompanhar essa mudança, de modo que não se iluda
com a globalização do mercado que essa “nova economia” vem trazendo.
Em contrapartida, o setor da indústria, que é
um forte mercado no Brasil vem perdendo espaço para o setor de serviços em um
mundo cada vez mais globalizado, porém tem-se como vantajosa a troca de tecnologia
e de
conhecimento técnico que faz parte das práticas comerciais
dos
países desenvolvidos através de empresas transnacionais
e multinacionais, adequando essas novas experiências
à
realidade brasileira cautelosamente, pois essa troca de
conhecimentos e tecnologia forçará cada vez mais a interação entre os países e
nações com realidades econômicas distintas, o que pode criar certa tensão entre
a razão econômica e o comprometimento com a aliança entre esses países.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
HOBSBAWN,
E. Da Revolução Industrial Inglesa ao Imperialismo, Forense
Universitária, Rio de Janeiro. 1969.
LANDES,
D. Prometeu Desacorrentado —
Transformação tecnológica e desenvolvimento industrial na Europa
Ocidental, desde 1750 até nossa época. Rio de Janeiro: Campus/Elsevier, 2005.
Universidade
Federal do Amazonas / UFAM
Faculdade
de Estudos Sociais / FES
Ciências
Econômicas / 1° período
Equipe:
Adriane Bruce
Agda Carioca
Kelly Regina França
Luciano Camargo
Patrick Gomes
Thiago Lima
muuuuuito bom!!
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